Fortaleza é uma cidade de sonhos, de lugares abertos e de boa convivência, é uma cidade de passeios e recordações. Em tempos de pandemia da Covid-19, onde ficar em casa se transformou em uma questão crucial para a manutenção da vida, teremos de reinventar as comemorações.
No aniversário de 295 anos da capital cearense, vale a pena resgatar a memória de cada lugar. Ao invés de multidões nas ruas, cantando em shows na praça do Dragão do Mar ou no aterro da Praia de Iracema, a festa será diferente; cada pessoa fará sua comemoração particular.
Trata-se de uma oportunidade para o exercício da memória e da solidariedade, mas também para viagens virtuais por espaços antes movimentados pela população. Trata-se de um momento de resgate do valor de cada cenário, da história particular de cada um: do quanto gostamos da nossa Beira-Mar, da Praia do Futuro, da Barra do Ceará, da Praça do Ferreira e de tantos outros lugares pelos quais passamos todos os dias e, muitas vezes, não nos damos conta deles na paisagem.
Os tempos de crise exigem novas formas de agir, de se colocar no mundo. Esse certamente é um momento em que as responsabilidades individual e coletiva precisam ser cultivadas com atitudes simples, como criar redes de apoio aos idosos nos condomínios ou se preocupar com quem não tem o básico para comer, com quem perdeu o emprego ou ainda com quem abriu um novo negócio.
Estamos sendo incentivados a iniciar uma revolução, provocados por um vírus, na qual a saúde se transformou na questão mais relevante. Neste aniversário de Fortaleza, o presente deve ser compartilhado, com a criação de redes de apoio a quem passa por dificuldades, por demonstrações de afeto, solidariedade e cuidados (mesmo à distância).
A revolução não é só dos sentidos, mas também das formas de pensar, de criar significados, de se relacionar. Há discussões filosóficas sobre o que ficará depois que tudo isso passar. Vale ressaltar que essa construção é de cada um de nós: do quanto seremos civilizados para apoiar e respeitar o trabalho das equipes médicas e outros tantos profissionais empenhados na luta contra um vírus que tira a vida de milhares de pessoas no mundo.
Por isso, em meio à celebração do aniversário de Fortaleza, é importante haver uma despolitização de todas as ações. As questões maiores são a preservação da vida e a geração de novos sistemas de contato e negócios, onde seja possível manter emprego e renda. As ações já estão começando e, quando tudo isso passar, talvez sejamos melhores.
Parabéns, Fortaleza!
Fonte: Jornal o Povo
